Sou cinéfilo de carteirinha e meus amigos mais próximos sabem muito bem disso. Então vem chegando esta época do ano, e para os apreciadores da 7ª arte uma pergunta começa a ser formulada: quem serão os indicados ao oscar do ano que vem? Neste ano que passou muitos filmes tiveram seu destaque e a imprensa logo começará a especular os nomes que farão parte da festa. Mas também como colecionador de revistas de cinema, resolvi compartilhar com todos como funciona o processo para se ter um filme indicado ao prêmio máximo do cinema. E isso envolve muito de logística marketeira. Olhem só, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas possui mais de 6 mil membros. E cada um deles é que dará o seu voto para eleição dos nomeados ao prêmio. Então os grandes estúdios, produtoras independentes e firmas de relações públicas começam a mexer os seus pauzinhos. Na revista SET de 1995, uma matéria muito interessante foi publicada explicando exatamente o processo para se conseguir votos para um determinado filme ou ator. Os primeiros sinais de abertura da temporada de caça aos votos dos acadêmicos são os anúncios de página dupla nos jornais que cobrem a indústria de entretenimento, os "Trade papers diários" Variety e Hollywood Reporter. São anúncios conhecidos como "for your consideration" em que é pedido aos acadêmicos que na hora de votar "levem em consideração" o trabalho deste ou daquele artista, esse ou aquele filme. E os carteiros são os que mais colaboram para esse processo acontecer. Sabem como? De novembro até fevereiro, data em que os votos são computados, são os carteiros quem levam todos os tipos de mimos para os votantes. DVD's dos filmes em questão, trilhas sonoras e scripts autografados, livros que viraram os filmes do ano, posteres, bonés, cartões... Todo o tipo de sedução material que se pode usar para ganhar votos. Na matéria da revista SET de 1995, José Emilio Rondeau, um dos membros da Academia, conta alguns presentes especiais que ele havia ganho naquele ano: Cartão de boas festas com saudações e autógrafos de todo o elenco principal de "Pulp Fiction" com uma caricatura de Quentin Tarantino, cópias dos filmes "Assédio Sexual" e "Entrevista com o Vampiro", autografádos respectivamente por Michael Crichton e Anne Rice e um chocolate em formato de celular para divulgar o filme "Um dia especial". Calculava-se em 1995 que somente para angariar votos para determinado filme, era investido 1 milhão de dólares. Essa forma de Marketing é muito bem vinda em nossa profissão, pois dá uma liberdade maior para se criar a forma como chegar em seu "consumidor". Resta apenas ter a sorte suficiente para conseguir ingressar nesta indústria multi milionária... Para quem quiser ler a matéria na íntegra, procure em um sebo a revista SET Ano IX nº03, a capa é do filme Pulp Fiction - Tempos de Violência.
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